segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Novo Levothyrox: Le Monde denuncia 14 mortes na França


Não há um alerta oficial, mas aumenta a preocupação pelos misteriosos efeitos colaterais do Levothyrox, medicamento da indústria alemã Merck para o tratamento do hipotireoidismo.

O jornal francês Le Monde noticiou quatorze mortes de pacientes de causas ainda desconhecidas, que foram registradas no banco de dados nacional como “reações adversas a medicamentos”. Um detalhe em comum conecta estas mortes: todos os pacientes tomavam o Levothyrox, medicação que progressivamente deveria ter substituído o Eutirox, tradicional remédio para o tratamento da doença da tireoide.     

O medicamento tem gerado polêmica desde março, depois do lançamento de uma nova fórmula e da mudança de algumas substâncias usadas na produção. Médicos e farmacêuticos foram informados sobre as modificações através de um e-mail, que foi enviado no final de fevereiro. Apenas uma notificação por e-mail, considerando que o fármaco é classificado como “não substituível” pela Agência Nacional de Segurança de Medicamentos e Produtos de Saúde (ANSM) e requer uma dosagem precisa para cada paciente que é difícil de identificar. Até mesmo pequenas modificações podem causar efeitos significativos.  

Logo após a chegada gradual da nova fórmula ao mercado, milhares de pacientes reclamaram dos efeitos colaterais, entre eles: cólicas, tonturas, perda da memória, cansaço, insônia e distúrbios digestivos. Reações que nunca foram associadas oficialmente ao uso do remédio. “Não foi encontrado nenhum efeito negativo novo associado especificamente à nova fórmula”, declarou a ANSM no dia 10 de outubro, depois da denúncia dos pacientes de um “escândalo sanitário”. Os efeitos, segundo a agência, indicam “um desequilíbrio da glândula da tireoide associado à mudança de tratamento” e já haviam sido relatados “na antiga fórmula do Levothyrox”.

É preciso considerar que no momento da análise da ANSM haviam morrido somente quatro pessoas, todas com graves doenças ou habituadas a tomar uma quantidade elevada de remédios por dia. Tais considerações poderiam ter acalmado os ânimos, se não houvesse triplicado o número de mortes em poucos meses, gerando um novo caos entre os pacientes.
Os relatórios de reações adversas apresentavam 14.633 casos em setembro e atualmente este número aumentou ainda mais. 
O Le Monde informa que a associação que protege os doentes lançou uma petição - que já recolheu mais de 200 mil assinaturas - para o retorno da fórmula original ao mercado.

Nada a dizer diante destes números?  

A ANSM continua sem se pronunciar, mas confirmou que continuará com a investigação e que os novos resultados serão apresentados no final de janeiro.

“Não há nenhuma crise sanitária”, declarou no final de outubro o deputado Jean-Pierre Door sobre o caso Levothyrox. “Apenas uma crise midiática em torno da nova fórmula do remédio. ”

O professor Claude Hamonet citou uma outra hipótese no “The Conversation”: quem tomou o medicamento e teve efeitos colaterais pode sofrer da Síndrome de Ehlers-Danlos, que é hereditária, desconhecida e apresenta sintomas similares ao hipotireoidismo. 

Quaisquer que sejam os pontos de vista, pessoas realmente morreram, além de tantos outros casos de reações adversas, ou seja, não é mais tempo de incertezas. O jornal Le Monde anunciou que publicará outros artigos sobre o caso.  

Texto original em italiano.